domingo, 14 de outubro de 2012

João e Maria

Se eu pudesse, eu não teria te deixado me soltar naquele momento. Se eu pudesse, eu sequer teria deixado o momento nos soltar. Se eu pudesse, eu teria dito eu teria feito eu teria eu queria eu ia
Pensando bem, eu até acho aquele momento meio cômico. Eu embasbacado, você sempre fugindo, uma enguia que deslizava fácil entre meus descuidos. Amores de verdade parecem querer sempre fugir da gente, né? Pera, será que é amor de verdade?
Vou parar de falar de você. É, tô entregue num daqueles malditos momentos que você não quer pensar em algo, daí começa a contar até palitinho de caixa de fósforo pra não pensar em... bom, nem lembro mais no que eu tava pensando. Sério. Tá, não tão sério.
Eu só queria achar em você tudo aquilo eu perdi em mim, sabe? Um pouquinho da minha infância, um pouquinho de fé, um pouquinho de sorvete de flocos com biscoito e misturas de guaraná com fanta no mesmo copo pra ver que sabor vai ter. É mais ou menos isso que eu queria. Mais ou menos.
Tá, esquece, vou falar da TV. Eu tentei, mas a programação atual é tão miserável que acho que é proposital pra gente desligar a maldita televisão e focar no que a gente não quer pensar. 
Eu só queria não pensar tanto no futuro do pretérito. Se os pássaros não comerem todas as migalhas, um dia eu acho meu caminho de volta pro presente.