sexta-feira, 17 de agosto de 2012

,mas

foi dito que eu estaria bem se eu me casasse e tivesse um bom emprego. Por que eu sinto essa dor?

- Seu burguês de merda! - Sente um jato de saliva atirada com força contra a sua cara. Ele estava sentindo tanta dor que não deu muita importância. O marginal disparara contra seu peito sem anunciar assalto, sem falar nada. Apenas se aproximou, o examinou bem de cima a baixo e disparou.
 Ele não podia fazer isso, eu passei tanto tempo defendendo o direito das minorias, e ele atirou em mim...

- Eu quero ver seu sangue escorrer por essa calçada de merda, como o meu escorre todo dia de merda, seu burguês de merda!  - Deu as costas e começou a andar calmamente.

O alarde causado pelo disparo acionou os policiais que perseguiram o bandido algumas ruas, pois ele começara a correr ao ver os seguranças. Deram cinco tiros nele, tendo sido dois na cabeça. 

A esposa chegou pouco tempo depois chorando, com um filho no braço, também chorando, ajoelhou-se e segurou a mão do marido baleado. Trocaram últimas palavras de amor. Foi uma cena triste de ser vista.

Três dias depois o noticiário da TV anunciou a morte de um importante defensor dos Direitos Humanos, e que o seu assassino, um homem frio e sem coração, havia sido morto no local. Outro jornal impresso, de menor porte, anunciou a covardia e a violência com a qual os policiais assassinaram um jovem da periferia, ferindo os Direitos Humanos e o quanto as classes menos favorecidas eram impunemente vítimas de injustiças.

A esposa observou tudo pela televisão, o marido de 21 anos fora morto a tiros por policiais. Ela se ajoelhou no chão com um filho no braço e amaldiçoou a alma do marido por deixá-la só e sem condições de se sustentar. Foi uma cena triste de ser vista.


Foi dito que eu estaria bem se eu me casasse e tivesse um bom emprego, que eu viveria feliz, que era o melhor a se ter nessa vida, e ainda assim eu estou morrendo. Malditos sejam, mentiram pra mim, só que eu sempre soube...no fundo, que é cada um por si, sempre. Se mais algum desgraçado repetisse pra mim que tudo ficaria bem eu lhes diria um grande e sonoro

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Caixa - Capítulo 10 (FINAL)

É isso aí, depois de tanto tempo, esse conto chegou ao fim. Aos meus leitores, sintam-se livres para comentar o que acharam. Abraço, e até a próxima. E sim, vai ter próxima! =D
Caixa - Capítulo 10 (FINAL)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

E finalmente...o começo de novo.

Eu passei tanto tempo sem escrever assim, tipo, normal, sem ser um texto específico que deu saudades agora e resolvi matá-la, afinal duas coisas a gente TEM que matar: Um filho da puta e a Saudade. Ah, não sei se alguém se pergunta isso - ou melhor, se alguém realmente lê isso -, mas o motivo de eu não ter postado o último capítulo de Caixa é por causa de uma entidade chamada Greve, acompanhada por outra chamada "Professor-desgraçado" que me enviou uma magia negra chamada "Trabalho-nas-férias", e eu tô meio que sem tempo de escrever. Bom, na verdade não é bem sem tempo, não estou com o devido tempo para escrever um final DECENTE.
A este ponto alguém já chiou sobre eu ter chamado a greve de Férias. A você que chiou, cheire meu flato, porque pra mim É FÉRIAS SIM! Se os professores tão cagando livremente pelo mundo à espera de um milagre governamental (e ainda têm tempo de enviar trabalhos para arruinar as minhas férias), porque eu não posso chamar esta merda da forma como eu quiser? "Ah, é uma luta social, mimimi". A sociedade tá pouco se fudendo pra essa greve, com exceção dos afetados, sabe por quê? Porque a sociedade é feita de pessoas, e as pessoas estarão sempre pensando nelas mesmas. "Não é assim!", é assim SIM! Tem uma frase foderosa no filme "Hotel Ruanda" em que o protagonista fala que tem esperanças de solução do problema principal do filme porque está sendo transmitido para a TV mundial, ao passo que outro personagem responde: "Eles veem essa cena pela TV na sua sala de jantar, suspiram chocados dizendo "Meu Deus, que barbárie!", e continuam a comer tranquilos e seguem com suas vidas". É isso.
Bom, podem me condenar agora. "Se você fosse professor, você saberia do que a greve se trata!". É, é, talvez, mas se vocês pararem com a hipocrisia conseguiriam ver em vocês mesmo uma parte gritando "Ele está certo! Eu estou sendo enrabado por esses 'movimentos sociais'".
Ainda sobre a sociedade, sabe essa coisa de "Ser diferente é legal"? Não é. É só o politicamente hipócrita correto dizendo isso. Se você pensar diferente, vai ser discriminado. Se você demonstrar isso, não quero nem pensar... Sim, eu mesmo devo ter sido mentalmente incendiado por essas singelas palavras. E quer saber? Eu me sinto diferente, muito diferente. Eu me sinto estranho, eu penso estranho, eu ajo estranho, eu gosto de coisas estranhas, e simplesmente sei que "Ser diferente NÃO é legal!". "Ah, tá vendo, se você se ligasse nos movimentos sociais saberia do Direito das Minorias". FODA-SE ESSA MERDA! Esse Direito é só uma mentira cabeluda inventada pela classe dominante para que a bancada evangélica tivesse motivo pra existir e ser contra.
Por hoje é só, quem não estiver puto da vida e quiser ler os textos que escrevi, sejam bem-vindos, gente linda e culta. Abraço.


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Poliglota

Se eu soubesse o que se passa nos espaços das suas sinapses...
 Eu queria compreender o vácuo nas nossas conversas, a falha na minha atitude. Je peux parler le français, Watashi wa nihonho hanase masu, mas da língua que tu falas não partilho fonema. Será que somos assim tão diferentes, você com seu sorriso e eu um esgar contente?
Se você pudesse me escutar, se você ouvisse meu coração gritar, entenderia, pois se não, a língua de todo coração. É um tum tum pra todo mundo, mas pra você é tumtumtum.
Perdoe a pieguice, é meu sintome de velhice, de humano calejado, que aguentou muito calado. 
Por favor, se você compreender meu palavrório, me deixa entender sua língua, divida comigo as palavras nas suas entrelinhas, diz que não é só uma coisa minha, pega meu inglês e transforma num beijo francês, vem inventar palavrão em cima do meu colchão em uma língua que só a gente partilha.


Sobremesa

Põe sobre a mesa um amor de sobremesa
Esquece os doces, a vida, a receita
Deixa os problemas e as dúvidas
Fora da massa e da fôrma da gentileza
Põe um olhar de doçura, uma conversa imatura
Diz que não sabe o canto, deixa rolar o encanto
Vamos a um canto, não precisamos de pranto
Nem de pratos, só de abraços

De canto de boca, de língua solta
De beijo no pescoço, cheio de alvoroço
Tem espaço pra mais um pouco
Põe então teu corpo
E deixa rolar

Amor de sobremesa é tudo o que eu quero na minha mesa.