domingo, 18 de março de 2012

Ser efêmero

No começo não ter leitores me incomodava muito. Me tirava a vontade de escrever. Até que notei que eu tenho um dom, a graça de brincar com as palavras como outros brincam com as tintas, com as máquinas. Eu me divirto escrevendo, eu sou feliz escrevendo. Eu achei que escrever só valeria a pena se houvesse quem lesse e apreciasse de imediato o que foi ali posto. Se isso fosse verdade um quadro só valeria a pena ser criado se houvesse admiradores? Então Van Gogh não passaria de um comerciante qualquer não-conhecido hoje em dia. Bom, Lima Barreto sofreu uma inquisição à la mode na sua época por implantar o ácido cruel da verdade em seus textos e nem por isso deixou de ser bom escritor ou um crítico político notável de sua época. Escrevo agora pra notar que eu não me importo se alguém aprecia o que escrevo. Escrevo para dizer às palavras que as amo, pois ser apreciado por pessoas é cansativo, é desgastante, e o mais importante: Não dura. O que quer que você faça só você saberá valorizar verdadeiramente, os outros podem até admirar-se, mas é uma admiração maculada com a inveja. Palavras, como tintas, como idéias, como sons, têm poder sobre esses efêmeros seres ditos humanos. Elas mudam, moldam, destroem. É com amargor que escrevo agora, mas um amargor que me empurra a buscar o doce. Cresce-te também, monta-te para o alto, sem necessitar construir-te com outros ao lado, para te segurar como se fosses uma eterna torre torta condenada a cair, caso sozinha. Saiba ser, e mais ainda, saiba moldar-se e mudar-se, empurrando passo a passo para a evolução. Não importam se te criticam a estrutura, contato que tenhas forte o alicerce. Sois efêmero, humano, mas não precisa sempre fluir para o lado negativo das coisas.

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