terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Olhar

Sentado ali, cantando The Blower's Daughter na beira da praia numa tarde de inverno. O clima estava propenso a uma música assim. Estava acompanhado, uma raríssima oportunidade que ele tinha. Ele queria olhar para sua companhia, mas preferiu encarar o mar. Por mais vasto e misterioso que fosse o mar, ele não te encararia de volta, ou talvez encarasse, mas você nunca saberia onde exatamente ficam os olhos do mar. E sabem o que dizem: Os olhos são a janela para alma.
Os dele eram portas. Livros abertos, em escrita simples. O que se tinha pra saber sobre ele, estavam ali.
Arriscou relancear para aqueles outros olhos atentos à sua esquerda, emoldurados por um lindo sorriso logo abaixo e ávidos por ler o seu livro aberto.
Não entendia como conseguiam compreender que ozônio era raro, ouro era precioso, mas não conseguiam entender a complexa raridade da beleza daquele olhar. Era único, era inocente, desprovido de intenções e atentados mal intencionados. Tentou manter o olhar por alguns segundos. Não conseguia.
Olhar por tempo demais para o sol pode te cegar. Não queria cegar, ainda tinha que encarar bastante o mar, mas agora com um discreto queimar nas rubras bochechas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário